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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Homicida já tinha dito à esposa que qualquer dia matava o sogro

António Inácio está acusado de três crimes: homicídio qualificado, violência doméstica e detenção de arma proibida

     O homem que assassinou o sogro em Quebradas, Alenquer, já tinha dito várias vezes à esposa que “qualquer dia” lhe matava o pai.
     Quem o afirmou foi a própria mulher, Ângela Santos, perante o colectivo de juízes que começou a julgar António Inácio na sexta-feira, 18 de Fevereiro, por ter matado o sogro com um tiro de caçadeira a 31 de Maio de 2010, e depois de ter agredido fisicamente a esposa por esta pretender separar-se dele.
     Segundo Ângela Santos, a religião dos seus pais – Testemunhas de Jeová – dava origem a discussões frequentes entre a vítima, António Olegário, então com 79 anos, e o arguido.
     A mulher confessou ainda que vivia “com medo” do marido, e que as brigas entre o casal eram frequentes, ao longo dos 25 anos de casamento.
     O arguido, de 48 anos e preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Leiria desde o dia do crime, optou por falar na primeira sessão do julgamento, e disse que o disparo foi acidental.
“São aquelas horas do diabo”, afirmou, confessando que pegou na arma antes de se dirigir à casa dos sogros para ir buscar a mulher, pretendendo apenas assustá-la.
     António Inácio afirmou ainda que a caçadeira estava descarregada e que só a municiou quando encontrou um cartucho esquecido dentro do seu carro.
     Ao chegar à porta de António Olegário, a arma disparou-se inadvertidamente sem que ele estivesse a apontar na direcção do sogro, segundo o relato que fez.
     O Ministério Público (MP), que o acusa de homicídio qualificado, violência doméstica e detenção de arma proibida, não ficou nada convencido com a versão narrada pelo arguido.
     O Procurador da República, António Artilheiro, requereu mesmo que fossem lidas as declarações que prestou no primeiro interrogatório judicial, onde António Inácio admitiu ter apontado para os pés do sogro, que não o deixava entrar na casa.
     Recorde-se que António Olegário foi atingido na zona da anca e da virilha, tendo vindo a falecer cerca de duas horas depois, no Hospital de Vila Franca de Xira, em consequência de graves lesões vasculares.
     O arguido disse ainda que teve uma breve troca de palavras com o sogro, mas Ângela Santos, a primeira testemunha a ser ouvida, relatou que o marido e o pai não disseram nada um ao outro antes do disparo fatal, após o qual o arguido se pôs em fuga.
     E a esposa acrescentou ainda nunca ter visto qualquer cartucho no veículo, sendo ela a pessoa que mais vezes o limpava.
     Minutos antes, António Inácio tinha respondido ao Procurador que era costume andar com cartuchos espalhados no carro, uma vez que era caçador.
     O julgamento prossegue no dia 3 de Março.